Hoje bateu uma saudade dos plantões psicológicos do SIP, por isso vai essa postagem sobre o mote, baseado na minha prática no ano de 2010.
O termo plantão
psicológico tem origem na língua francesa, do verbete “Planton”, que no sentido
militar significa ocupar uma posição fixa, de alerta ininterruptamente. Outro
significado dessa palavra remete a “planta do pé”, sendo assim entendemos que
uma das definições de plantão psicológico refere-se a ficar plantado, esperando
suas demandas. Ficar plantado não no sentido de um “castigo”, mas no sentido de
disponibilidade, ou seja, o plantonista precisa estar totalmente disponível
para acolher o paciente no momento em que for solicitado.
O SIP como lugar de nossa prática do Plantão Psicológico nasce para nós como um novo desafio, visto que não
podemos adivinhar qual a demanda que pode surgir naquele lugar, assim como
acontecerá num futuro bem próximo na nossa vida profissional. Um local favorável
para o acolhimento do outro com seus questionamentos. Nesse sentido, o plantão
psicológico se apresenta como modalidade de atendimento que vem privilegiar o
suporte ao sofrimento emocional do sujeito que ao serviço recorre (Mahfoud,
1999).
O Plantão Psicológico tem
caráter emergencial por isso atende as demandas emocionais imediatas. Mahfoud
(1999) vem nos dizer que essa intervenção psicológica “acolhe a pessoa no exato
momento de sua necessidade, ajudando-a a lidar com seus recursos e limites
focalizando o atendimento nas coisas boas, colocando-a a disposição de acolher
a experiência do cliente ao invés de enfocar no problema”.
Seguindo um pouco a
proposta da disciplina, a qual nos recomenda entender o que no nosso futuro
profissional se inicia agora de uma forma mais concreta, a partir dessa breve
experiência. A clientela do serviço de Plantão Psicológico consiste em pessoas
desorientados, que chegam aos prantos, ou pessoas que esperam vaga para
psicoterapia e ate mesmo os indivíduos que querem apenas conversar, tirar dúvidas
ou receber informações.
Diante disso, devemos ter
sempre o compromisso de ajudar no aprimoramento e na conservação do tipo de
proposta que experiênciamos. A prática nos proporciona uma “escuta
diferenciada” e também nos promover um raciocínio clínico mais preciso desse
modo ampliamos nossa visão ao exercício clínico.
Ao longo dos nossos
atendimentos de Plantão Psicológico
e de Aconselhamento deve haver
envolvimento existencial, segundo Forguieri, consiste em... ”O terapeuta
procura colocar entre parênteses”, ou fora de ação, as teorias, os
conhecimento, conceitos e preconceitos que tiver a respeito do ser humano, para
tentar então perceber o cliente tal qual se revela para ele, na vivência
imediata entre ambos.
Já o distanciamento reflexivo consiste num
afastamento e diminuição de seu envolvimento com o cliente, para captar os
significados e conhecimentos que a vivencia imediata gera entre ambos. Entre as
mais variadas formas de acolhimento iremos sempre trabalhar com uma escuta
diferenciada, ou seja, livre de representações, generalizações e
pré-concepções, comprometida com a capacidade do cliente saber sobre si e que
mobiliza o afeto e o pensar sobre a questão trazida. Nesse contexto concordo
com Bonder quando ele fala:
“ A grande descoberta
deste século para as ciências humanas é a descoberta terapêutica da escuta, Não
há melhor entendimento que alguém possa prestar do que servi-los de ouvido para
as falas baixas e quase imperceptíveis de nossa existência (BONDER, agosto
1998, p.1)
Escutar e ouvir nas
práticas do plantão psicológico e também no aconselhamento são dois elementos
indispensáveis no acolhimento. Quando falo em ouvir, quero dizer está presente,
acompanhar e ficar atento, não só ao discurso do sujeito, mas sua expressão
facial, sua forma de movimentar-se, de posicionar-se e ate mesmo a sua forma de
falar, só assim poderemos atuar de uma forma mais competente, contribuindo com
um possível alívio interno desse sujeito.